Na noite da última sexta-feira, 4, a Casa da Cultura foi palco de um momento histórico para a cultura lagartense. A Secretaria Municipal de Cultura (Secult) realizou o encerramento da exposição “Los Guaranis nos Bailes da Vida”, que celebrou os 60 anos da banda e orquestra Los Guaranis, ícone musical da cidade de Lagarto e do estado de Sergipe.
A programação contou com uma roda de conversa entre ex-integrantes da banda, familiares, fãs e admiradores, destacando memórias, a trajetória do grupo e a saudade dos palcos.
O trombonista Rivaldo Fonseca, conhecido como Queimadinho, emocionou o público ao lembrar da caminhada do grupo. “Eu agradeço de coração à Nossa Senhora da Piedade que nos conduziu todo esse tempo, ao prefeito Sérgio Reis e ao secretário de Cultura, Nenê Prata, que fizeram essa homenagem ao Los Guaranis como ninguém nunca fez. O Los Guaranis passou 60 anos levando o nome de Lagarto além-fronteiras.”
Rivaldo também destacou o espírito coletivo da banda, formada por pessoas humildes, unidas pelo amor à música. “A gente dividia o que ganhava, éramos todos iguais. Hoje, temos aqui integrantes que ficaram 26 anos na banda, e outros que estavam desde o início, mas todos com uma história linda pra contar”.
A última apresentação oficial da banda aconteceu em janeiro de 2020. Com a pandemia e a falta de suporte financeiro, os integrantes precisaram seguir caminhos diferentes, encerrando um ciclo que, até hoje, pulsa forte na memória afetiva da cidade.
Para o baterista Alexandre Conceição, que segue ativo na música, o reencontro teve um gosto especial. “Nunca fiquei tão alegre como estou hoje, reunir esse pessoal de novo, só faltou o Foguinho, que está com um problema de saúde, mas ver essa homenagem aqui, sentir esse carinho, realmente Los Guaranis é um coração”.
A emoção também tomou conta de Osman Carvalho, um dos fundadores da banda. “Nossa banda foi mais que um grupo de músicos, foi uma família, um símbolo, um amor à música, à cultura e à nossa terra. Essa homenagem mostra que nada é esquecido quando é feito com paixão”.
A conexão entre fãs e banda também foi destaque. Elizabete Machado, a “Menininha”, fã histórica e ex-professora de dois músicos da banda, relembrou com alegria sua juventude ao som dos Guaranis. “Eu era a cocota do Los Guaranis, a chacrete, dançava muito. Deixava filho e marido em casa e ia atrás deles, fosse em Aracaju, Tobias Barreto ou outras cidades”.
Presente no evento, o músico e ex-integrante Kekeu Santos, filho do também integrante Cícero Santos, falou da importância pessoal e familiar do grupo. “Los Guaranis foi meu quartel, foi disciplina, foi sonho realizado. Criei meus filhos através da banda, respirei Los Guaranis e vivi Los Guaranis”, lembrou.
Outro depoimento marcante veio de Rusel Barroso, que destacou a ligação afetiva e simbólica com a banda. “Los Guaranis é um orgulho da nossa terra, não se pode falar de Lagarto sem falar deles. O meu sonho é ver esses meninos tocarem juntos de novo e eu vou ajudar isso a acontecer”.
Para o secretário de Cultura, Nenê Prata, a realização da exposição e seu encerramento superaram as expectativas. “Foi gratificante, foi lindo, foi mágico, a ideia funcionou tão bem que durou mais de um mês. Ver a felicidade estampada no rosto deles foi o maior presente e já pensamos, inclusive, em fazer o ‘Nos Bailes da Vida 2’. Nosso papel é resgatar a história, não deixar morrer a tradição e valorizar nossos artistas”.
A exposição “Los Guaranis nos Bailes da Vida” cumpriu seu papel de homenagear não apenas uma banda, mas um legado que ressoa nos corações dos lagartenses.