Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero (Sílvio Romero), nasceu em 21 de abril de 1851, na Vila do Lagarto/SE, filho do comerciante português André Ramos Romero – homem de temperamento forte, mas devotado na boa formação dos filhos – e Maria Joaquina Vasconcelos da Silveira. O menino Romero viveu com os avós nos primeiros anos de vida no Engenho Moreira, onde alimentou seu imaginário ao ouvir as “estórias” contadas por sua avó e por velhas amigas que frequentavam o casarão, como a escrava Antônia, a chamada “mãe preta” e a mulata Zefa. Aprendeu as primeiras letras com o mestre-escola Badu, onde conheceu seu primeiro encanto, a filha do professor. Em 1863, então com 12 anos, vai estudar no antigo Ginásio no Ateneu Fluminense, na Capital do Império, onde lá se mostrava “um menino sem amigos, sem recreios, sem conversas, prematuramente austero, a ruminar nas horas vagas o suculento bolo filosófico que lhe serviam nas aulas”.

Como todo garoto de posses de sua época sai da Vila Sertaneja do Lagarto, como tantas vezes se referiu a terra natal para estudar Direito em Recife, onde se torna professor e impulsiona o movimento da Escola do Recife. Anos depois, pelos idos de 1880 (ano em que Lagarto é elevada à condição de cidade), já na capital do Império presta concurso para ocupar a cadeira de filosofia no Colégio Pedro II, ficando em 1º lugar com a tese “Da interpretação filosófica na evolução dos fatos históricos”.

Dedicou-se a vários campos do conhecimento atuando como jornalista, crítico, ensaísta, folclorista, polemista, historiador e professor. Em sua vasta produção, abrangeu estudos sobre crítica literária, história, filosofia, literatura, direito, sociologia, economia, política, pedagogia; se arriscou também com pouca destreza no campo poético. No campo da atividade política, elegeu-se deputado à Assembleia Provincial de Sergipe, em 1874, mas logo renunciou; e no ano seguinte, tornou-se juiz municipal de Paraty/RJ.

Contribuiu decisivamente para alargar o pensamento nacional, atuando nos mais diversos círculos da intelectualidade oitocentista, sendo membro atuante do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Letras. No sentido de repensar questões até então esquecidas no que toca aos agentes sociais, foi incansável na produção cultural para compreender o seu tempo e a nacionalidade brasileira. Silvio Romero faleceu no Rio de Janeiro, em 18 de julho de 1914.

No conjunto de suas obras, destacam-se: Etnologia Selvagem (1875); Contos do fim do século (1878) – poesia; A filosofia no Brasil (1878); A Literatura Brasileira e a crítica Moderna (1880); Contos Populares do Brasil (2.v.) (1883-1885); Etnologia Brasileira (1888); Estudos sobre a Poesia Popular Brasileira (1889); História da Literatura Brasileira (1888); Últimos Arpejos (poesia – 1883). Ele é uma grande referência da intelectualidade brasileira e um dos principais orgulhos da sua gente, por essa razão seu nome está cravado na história local e do país com diversas homenagens; em sua terra natal é patrono da cadeira de n°1 da Academia Lagartense de Letras, denomina praça, rua e prédios públicos.

Bibliografia de Sílvio Romero: Cantos do fim do século (1878), A filosofia no Brasil (1878), Interpretação filosófica dos fatos históricos (1880), A literatura brasileira e a crítica moderna. Ensaio de generalização (1880), Introdução à história da literatura brasileira (1882), O Naturalismo em literatura (1882), Últimos harpejos (1883), Estudos de literatura contemporânea (1885), Contos populares do Brasil (1885), Estudos sobre a poesia popular do Brasil (1888), Etnografia brasileira (1888), História da literatura brasileira, 2 vols., (1888) (2ª. ed. 1902; 3ª. ed. 1943, organização e prefácio de Nélson Romero, 5 vols.), A filosofia e o ensino secundário (1889), A história do Brasil ensinada pela biografia de seus heróis (1890), Parlamentarismo e presidencialismo na República, cartas ao Conselheiro Rui Barbosa (1893), Ensaios de Filosofia do Direito (1895), Machado de Assis (1897), Novos estudos de literatura contemporânea (1898), Ensaios de sociologia e literatura (1901), Martins Pena (1901), Parnaso sergipano, 2 vols., (1904), Evolução do lirismo brasileiro (1905), Evolução da literatura brasileira (1905), Compêndio de história da literatura brasileira, em colaboração com João Ribeiro (1906), Discurso de recepção de Euclides da Cunha na ABL (1907), Zeverissimações ineptas da crítica (1909), Da crítica e sua exata definição (1909), Provocações e debates (1910), Quadro sintético da evolução dos gêneros na literatura brasileira (1911) e Minhas contradições (1914).

Referências:

Academia Brasileira de Letras. Disponível em: < https://www.academia.org.br/academicos/silvio-romero>, acessado em 18/04/2024.

NASCIMENTO, José Uesele Oliveira. A história e a cultura festiva do brasileiro nas narrativas de Sílvio Romero (1883-1888). 2017. 133 f. Dissertação (Pós-Graduação em História) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2017.

Autores: José Uesele Oliveira Nascimento e Manoel Ribeiro Andrade (NMPH/DAC/SECULT).

Última atualização em 24 de abril de 2024