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Na noite da última sexta-feira, 14, a Secretaria Municipal de Cultura (Secult) recebeu, na Casa da Cultura de Lagarto, o lançamento do livro À Deriva, da escritora Lila Arévalo. A obra, viabilizada pela Lei Paulo Gustavo, por meio de edital da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap), é um manifesto de superação e representatividade, trazendo a poesia como instrumento de resistência e cura. A iniciativa da Secult, que entrou com o apoio logístico, reforçou a importância de fomentar a literatura no interior do estado.

À Deriva é um livro que mescla poesia e fotografia, resultado de uma parceria com a fotógrafa Vitória Araújo. A obra traz registros poéticos de uma intensa jornada pessoal e também reflete a militância de Lila pela descentralização da cultura. “Nada mais justo do que lançar esse livro em Lagarto. Foi aqui que ele foi gestado, que eu tive espaço para respirar e escrever”, destacou.

Lila Arévalo descreveu seu processo de escrita como catártico. Durante o evento, ela compartilhou que a escrita surgiu como um refúgio em meio à depressão e ao isolamento da pandemia. “Foi avassalador. A escrita chegou quando eu precisava me salvar”, declarou a autora, que também ressaltou os desafios enfrentados por mulheres mães acima dos 40 anos no mercado editorial. “A gente sente que não tem espaço, mas políticas públicas como a Lei Paulo Gustavo e a Aldir Blanc vieram para mudar isso”, afirmou.

O evento também serviu para reafirmar o compromisso da Secretaria Municipal de Cultura com a valorização dos escritores independentes. O secretário de Cultura, Nenê Prata, enfatizou a importância do evento e garantiu que novas iniciativas virão. “Apoiamos escritores do município e de outras cidades porque queremos trazer de volta grandes eventos literários e incentivar novos talentos”, disse. Ele também anunciou que a Secretaria já está trabalhando para lançar novos editais da Lei Aldir Blanc, garantindo que escritores independentes continuem a ter oportunidades.

Além disso, a Casa da Cultura de Lagarto tem sido utilizada para ampliar o alcance das manifestações artísticas na cidade. Segundo o secretário, a gestão está investindo no recadastramento de artistas locais para criar novas oportunidades. “Estamos reorganizando tudo para que músicos, escritores e artistas plásticos possam participar das iniciativas culturais e das leis de incentivo”, explicou.

A Cultura além da capital

A escolha de Lagarto para o lançamento do livro também foi motivo de reflexão sobre a concentração dos eventos culturais na capital. A escritora e poeta Angélica Amorim ressaltou a importância de descentralizar o setor. “O fato de esse evento acontecer aqui mostra que no interior também há artistas. Precisamos valorizar nosso município e ocupar esses espaços”, afirmou.

Angélica, que participou do evento e conhece de perto a obra de Lila, destacou a profundidade do livro. “É um trabalho que transita pelo feminino, pelo feminismo e pela militância das mulheres. Algumas poesias são sutis, outras são brutas, chocam pela dor que muitas de nós vivemos, e Lila transmite isso com força e autenticidade”, analisou.
O evento de ontem foi mais do que um lançamento literário; foi um marco para a valorização da literatura e da cultura no interior sergipano. Para Lila, o reconhecimento da literatura como um espaço de expressão e acolhimento é fundamental. “A literatura pode ser terapêutica. Escrever me salvou, e a leitura pode salvar outras pessoas”, afirmou.

Com novos editais previstos e o fortalecimento da Secult, a expectativa é de que Lagarto continue a receber mais eventos como esse, abrindo portas para escritores locais e promovendo a cultura de forma acessível e descentralizada. Como destacou Nenê Prata, “cada evento que realizamos é um passo para que a população veja a cultura com outros olhos e participe mais ativamente da cena artística da cidade”.

Última atualização em 17 de março de 2025